segunda-feira, 2 de novembro de 2009




Imagens do meu primeiro projeto de uma casa de classe média...

sábado, 5 de setembro de 2009

Com saber Sem prazer

Quem algo sabe desta vida se liberta
Quem nada sabe se entrega
Pre'ssa sina de viver

Quem tudo sabe não precisa e não se atina
que o sentido dessa sina
É amar e entender

Não entendo a vontade libertina,
A lasciva messalina,
Desta carne que te quer

Quer te amar, te arrebatar, aproveitar
Toda vez que te encontrar
Sem atinar pra o teu querer

Sem saber, com razão não te procuro
Não atiro no escuro
Vou do desejo me abster

Então sigo nessa vida, assassina
Sem o beijo da menina
Com saber mas sem prazer.

Eddy Matias

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uns Versos

O colo sem alento, uma dor que não confronto
O sorriso que imploro, um choro que não pranto
O conselho do alheio, uma voz que não procuro
A imagem no espelho, um olhar tão inseguro...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Um Anjo da História

Paul Klee, Angelus Novus (1920)
"Uma pintura de Klee mostra um anjo olhando como que a ponto de distanciar-se de alguma coisa que está contemplando fixamente. Seus olhos estão arregalados, sua boca, aberta, suas asas, despregadas. É assim que se retrata o anjo da história. Seu rosto está virado para o passado. onde percebemos um encadeamento de fatos, ele vê uma só catástrofe, que acumula ruínas sobre ruínas e as atira aos seus pés. O anjo gostaria de ficar, de despertar os mortos e restaurar o que foi destruído. Mas uma tormenta está soprando do Paraíso; ela fustiga suas asas com tamanha violência que o anjo não consegue mais fechá-las. Essa tormenta impele-o irrestivelmente em direção ao futuro, para o qual suas costas estão voltadas, enquanto o monte de destroços diante dele cresce até o céu. Essa tormenta é o que chamamos de progresso."
Walter Benjamim
Teses sobre a filosofia da história, 1940

domingo, 21 de junho de 2009

Aquino, Agostinho e o Belo

“As alegrias da visão, da audição, do olfato, do tato nos abrem para a beleza do mundo, para que nela descubramos o reflexo de Deus”. Através destas palavras, o filósofo e bispo católico, Santo Agostinho declara o princípio que por toda a Idade Média norteia o pensamento estético. Para ele a essência do belo estava para além do mundo físico. À parcela perceptível ele chama de signo. “Ele afirma com energia que o signo é toda coisa que faz vir à mente alguma coisa além da impressão que a própria coisa causa a nossos sentidos” (Eco, 2000). Para ele deste signo emana uma verdade maior que a captada pelos homens, aquilo contemplado pelos sentidos trata-se apenas de uma parcela da perfeição, que por sua vez só poderia ser desfrutada por um espírito iluminado, por um coração atingido pela graça divina. Agostinho acredita que é impossível conceber qualquer coisa que seja superior a esta verdade que é Deus porque Ele está acima do universo e dos homens, pois trata-se de lugar e foco das verdades. Ele pode ser chamado de o “não verdadeiro”, o “não bem”, mas é chamado de belo. Então o belo seria superior ao bem e ao verdadeiro, seria a sedução divina que invencívelmente atrairia os homens para Deus.
Contudo, em fins do século XIII a mente do homem da idade média sofre mudanças significativas, não há mais lugar para a imposição e muitos conceitos deixam de ser exclusivos de Deus. Esse é o cenário em que surge São Tomás de Aquino que institui três condições da beleza: “integridade, porque a inteligência ama o ente, proporção, porque a inteligência ama a ordem e ama a unidade, enfim e, sobretudo, esplendor ou clareza, porque a inteligência ama a luz e a inteligibilidade”. Ao contrário da imposição ética e teológica de Platão e Agostinho, o aquinino explicita que a estética começa sensualista e empírica com o hedonismo da vista, que nada mais é do que o agrado, o prazer imediato sobre o objeto, depois ergue-se na estética do juízo, onde temos o “direito” de dizer se um objeto nos agrada ou não, e volta a superioridade do juízo racional, que é o juízo encontrado nos homens. Dois de seus jaezes para o belo são colhidos do pensamento aristotélico e a terceira permanece em seus padrões. A primeira consiste na integridade ou perfeição, o belo causa prazer. É necessário que o ente belo seja bom e, principalmente, bom de conhecer-se. Portanto, o belo tende à perfeição da coisa conhecida; ele é a natureza perfeita da coisa conhecida, ou seja, todas as características que pertencem ao objeto devem estar no objeto. A segunda, a justa proporção ou harmonia, o belo abrange a relação entre as diversas partes que o constituem. De Munnynck, apoiando-se principalmente na Suma Teologica, sugere que a devida proporção é dupla: objetiva e subjetiva. De acordo com a primeira, pela visão tende-se a conhecer a essência de uma coisa ou o que ela é, e ela é o que é por meio de sua forma; tendemos, portanto, a conhecer as formas das coisas; porém, toda desproporção manifesta uma vitória da matéria sobre a forma; o ente desproporcionado não é bom e o conhecimento dele não causa prazer. De acordo com a segunda, a coisa conhecida deve ser proporcional ao observador, o que explica a relação essencial com aquele que apreende a noção do belo (1923). E, por último, a claridade, “o belo é antes de tudo cognoscível. A cognoscibildade é absolutamente necessária ao belo; ela não é senão a clareza, supõe que a coisa seja, não apenas conhecida, mas conhecida facilmente, sem esforço, pelo exercício normal e livre das potências ou faculdades da alma”. (Ivanov, 2006)
Concluímos que para Santo Agostinho a beleza é associada à idéia da revelação e à perfeição de um Deus-Criador ou de uma ordem cósmica preestabelecida. E para São Thomas de Aquino todas as formas são boas e perfeitas, mas, nem tudo que é formal é belo, para isso, a graça divina o serve de complemento.

Agradeço à Thaisa Futenma, pela parceria neste artigo, uma amiga legal.


Bibliografia

IVANOV, Andrey. A noção do belo em Tomás de Aquino / Andrey Ivanov. - Campinas, SP : [s. n.], 2006.

De MUNNYNCK, M. L’esthétique de St. Thomas. In: S. Tommaso d’Aquino, Milano, Vita e Pensiero, 1923.

ECO, Umberto. Arte e beleza na estética medieval, Editorial Presença, 2000.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Platão, Aristóteles e o Belo

no detalhe, Platão e Aristóteles
Academia de Atenas (1511), Afresco de Rafael Sanzio

É inerente ao homem a busca e a apreciação do belo, somos atraídos pelo que julgamos agradável aos nossos olhos. Mas o que define a beleza? Como mensurá-la? O que é belo?
Platão, no período clássico grego, foi o primeiro a ponderar essa questão. Ele julgava-se o único ente elucidado o bastante para tal, o que aventurou-se pra fora da caverna. E essa transcendência da limitação humana o permitiu conceber a existência de dois mundos: o mundo das idéias, pertencente a um ser divino e ímpar, onde as formas são perfeitas, eternas e imutáveis, além de inteligível – perceptível apenas através da razão, razão esta que somente ele arrestava. E o mundo real, o das coisas imperfeitas, perenes e mutáveis, percebido por meio dos sentidos, onde o resto da humanidade limitava-se a viver.
Quanto à beleza, Platão, então, a associa ao que é bom e verdadeiro, ao que é perfeito, diz que a beleza existe em si, separada do mundo sensível e, portanto, além da capacidade apreensiva do homem – inatingível para nós. Diz que o artesão imita uma idéia, e o artista imita a imitação, distanciando-se da verdade. Assim, o que é perceptível ao homem nada mais é do que uma cópia pálida de uma lembrança anterior à vida e que o que o homem produz é a reprodução em terceiro grau da perfeição, ou seja, imperfeita, indiferente ao belo. A arte deve seguir a razão, procurando atingir tipos ideais, desprezando traços individuais das pessoas e a manifestação das suas emoções.
Contudo, Platão teve um discípulo chamado Aristóteles, este possuía um pensamento reto e ordenado, deste modo sistematizou a doutrina de seu mestre, introduzindo regras de ordem, grandeza, simetria, determinação e unidade. Com isso rompe-se a idéia de beleza como algo transcendente ao ser: é somente no homem que se pode buscar o ideal. E esta busca não pode ser alheia à inteligência, à razão, pois toda concepção de beleza encerra um julgamento implícito, destarte, toda percepção da beleza exige a participação dos sentidos como intelecto. Aristóteles, porém, não abandona Platão, pois não se afasta da questão de que o belo é universal e necessário, absoluto e ideal, infinitamente superior à realidade.

... e pra você, o que é belo?

“Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate".

Está escrito nas portas do inferno de Dante, mas bem que poderia estar nos grandes lábios de nossas mães. “Abandonai toda esperança, vós que aqui entrais”. Ao embarcarmos nesta jornada (necessária apenas para aqueles que a devotam ao transcendental) sujeitamo-nos aos homens, “opiniões duvidosas em rostos que se alternam”. E, como que por osmose, absorvemos estas duvidosas opiniões e as transformamos em paixões, devoções, esperança, fé. Então passamos a viver com base em suas filosofias, dogmas, rotinas, previsões. Mas o que fazer quando os rostos se alternam? Aceitar. A vida é falha porque as pessoas são falhas e isso não pode ser mudado. Por que ainda tentamos? Porque não há nada escrito lá, está tudo escrito aqui, não está nas portas do inferno, está dentro dele e somente à medida que vivemos e lemos é que percebemos que tentar é o que nos resta. E conseguiremos sair daqui? Bom, minha mente me diz que não posso entender isso. Meu coração? Me diz que não estou pronto. A fé é uma dádiva que ainda espero receber.

domingo, 10 de maio de 2009

Xii! Meu cofrinho espirrou...


O que mais vemos por aí é o cada caracterizando o todo e o todo descaracterizando o cada. "Fiquei decepcionado ao ver uma matéria que tratava da influência da gripe suína na economia mundial..." Essas palavras não são minhas, mas elas me inspiram a pensar no quão frágeis nos tornamos. Independentemente de sermos 6,5 bilhões de pessoas no mundo, somos ameaçados por qualquer coisa que vire notícia. De fato estamos tão intrísecamente ligados e interligados pelos ramos da convivência que os cinco continentes mais parecem uma nova Pangeia. Pena que essa ligação, infelizmente, não é motivada pela solidariedade ou, o mítico, "amor ao próximo". Estamos tão interessados em quantos centavos cairão em nossas contas, que esquecemos que podemos evitar os espirros dos porcos. Nos preocupamos em como evitar os cofrinhos gripados ao invés de po-los à disposição de nós mesmos. Uma pena! não estamos aprendendo com nossos erros.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Limites

Grandes Livros

Esse é o título do blog, não é latim é português! Algumas pessoas se impressionaram com essa escolha. Então tenho que explicar. "Tomos", aqui, simboliza os grandes pensamentos, as iluminações que brotam, o que gosto de chamar de "Frutos do Ócio". E "Grados" porque parecem imperceptíveis diante de todas as outras coisas que ocupam a nossa mente, mas que são grandes e se tiverem a devida atenção, revelam quem somos de verdade. Muitos desses lampejos mudaram o mundo, Isaac Newton e a macieira são um ótimo exemplo. Hoje não há espaços para gênios, justamente porque o ócio se tornou algo ruim e sempre combatido. Claro que falo aqui do bom ócio, o que não é usado como tempo de cura para ideias ruins.
O que acham disso? É só comentar...

domingo, 19 de abril de 2009

Grados Tomos

Costumo comparar a mente humana com o uma enorme biblioteca atulhada de livros por todos os cantos, de diversas formas, cores e tamanhos. Alguns estão sobre a escrivaninha, esses lemos constantemente, são grandes livros de capa cinza, pesados, de margens gastas e sem poeira acumulada. São as nossas ações habituais, o cardápio, as reclamações e murmúrios, a agenda de compromissos e tudo o mais que a sociedade exige de nós. Mas há também belos encadernados com acabamento primoroso, alguns de brochura simples, porém, igualmente belos, todos preservados inalcançáveis nas prateleiras mais altas. Incólumes. Intactos. São nossas lembranças mais distantes, são nossos acertos e malogros, livros de receitas nunca experimentadas, todos empoeirados apenas esperando um raro momento em que são retirados, folheados e rapidamente devolvidos aos seus lugares. Estas mágicas ocasiões incomuns, estimuladas de fora pra dentro, nos transporta através do tempo, ensinando-nos como o passado entusiasma o futuro. São esses momentos que farão parte desse espaço, alguns talvez não sejam dignos de leitura... Mas quem disse que papel, mesmo higiênico, não é útil?