sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Escambo

Meu reino por teus pensamentos
Teu castelo por minha razão
Minha terra por teus sentimentos
Teus campos por meu coração
Me dou todo o teu ser
Em troca de tudo que sou
Pois serei o que de ti receber
Se tu fores o que me entregou
Prometo te amar pra sempre
Se você o fizer também
Me possuirá perpetuamente
Se eu possuir o que tem
O amor é reciprocidade
Respeitar e ser respeitado
Dar é amar de verdade
Amar e então ser amado.
Eddy Matias

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Coração Vagabundo


Peregrino em terras remotas
Viajante de caminhos sem fim
Invasor das ruínas de outrora
Outrora caminhos remotos...
De um vagabundo coração em mim.

Ah, vagabundo coração
Mendigando as migalhas do amor
Como negros corvos entre pombas perfeitas
Perfeito amor vagabundo...
De um vagabundo coração em mim.

Quando terei meu castelo?
Coração à muito em frangalhos
Triunfante em torres de marfim
Triunfantes frangalhos terei...
De teu coração vagabundo enfim?

Eddy Matias

segunda-feira, 2 de novembro de 2009




Imagens do meu primeiro projeto de uma casa de classe média...

sábado, 5 de setembro de 2009

Com saber Sem prazer

Quem algo sabe desta vida se liberta
Quem nada sabe se entrega
Pre'ssa sina de viver

Quem tudo sabe não precisa e não se atina
que o sentido dessa sina
É amar e entender

Não entendo a vontade libertina,
A lasciva messalina,
Desta carne que te quer

Quer te amar, te arrebatar, aproveitar
Toda vez que te encontrar
Sem atinar pra o teu querer

Sem saber, com razão não te procuro
Não atiro no escuro
Vou do desejo me abster

Então sigo nessa vida, assassina
Sem o beijo da menina
Com saber mas sem prazer.

Eddy Matias

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uns Versos

O colo sem alento, uma dor que não confronto
O sorriso que imploro, um choro que não pranto
O conselho do alheio, uma voz que não procuro
A imagem no espelho, um olhar tão inseguro...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Um Anjo da História

Paul Klee, Angelus Novus (1920)
"Uma pintura de Klee mostra um anjo olhando como que a ponto de distanciar-se de alguma coisa que está contemplando fixamente. Seus olhos estão arregalados, sua boca, aberta, suas asas, despregadas. É assim que se retrata o anjo da história. Seu rosto está virado para o passado. onde percebemos um encadeamento de fatos, ele vê uma só catástrofe, que acumula ruínas sobre ruínas e as atira aos seus pés. O anjo gostaria de ficar, de despertar os mortos e restaurar o que foi destruído. Mas uma tormenta está soprando do Paraíso; ela fustiga suas asas com tamanha violência que o anjo não consegue mais fechá-las. Essa tormenta impele-o irrestivelmente em direção ao futuro, para o qual suas costas estão voltadas, enquanto o monte de destroços diante dele cresce até o céu. Essa tormenta é o que chamamos de progresso."
Walter Benjamim
Teses sobre a filosofia da história, 1940

domingo, 21 de junho de 2009

Aquino, Agostinho e o Belo

“As alegrias da visão, da audição, do olfato, do tato nos abrem para a beleza do mundo, para que nela descubramos o reflexo de Deus”. Através destas palavras, o filósofo e bispo católico, Santo Agostinho declara o princípio que por toda a Idade Média norteia o pensamento estético. Para ele a essência do belo estava para além do mundo físico. À parcela perceptível ele chama de signo. “Ele afirma com energia que o signo é toda coisa que faz vir à mente alguma coisa além da impressão que a própria coisa causa a nossos sentidos” (Eco, 2000). Para ele deste signo emana uma verdade maior que a captada pelos homens, aquilo contemplado pelos sentidos trata-se apenas de uma parcela da perfeição, que por sua vez só poderia ser desfrutada por um espírito iluminado, por um coração atingido pela graça divina. Agostinho acredita que é impossível conceber qualquer coisa que seja superior a esta verdade que é Deus porque Ele está acima do universo e dos homens, pois trata-se de lugar e foco das verdades. Ele pode ser chamado de o “não verdadeiro”, o “não bem”, mas é chamado de belo. Então o belo seria superior ao bem e ao verdadeiro, seria a sedução divina que invencívelmente atrairia os homens para Deus.
Contudo, em fins do século XIII a mente do homem da idade média sofre mudanças significativas, não há mais lugar para a imposição e muitos conceitos deixam de ser exclusivos de Deus. Esse é o cenário em que surge São Tomás de Aquino que institui três condições da beleza: “integridade, porque a inteligência ama o ente, proporção, porque a inteligência ama a ordem e ama a unidade, enfim e, sobretudo, esplendor ou clareza, porque a inteligência ama a luz e a inteligibilidade”. Ao contrário da imposição ética e teológica de Platão e Agostinho, o aquinino explicita que a estética começa sensualista e empírica com o hedonismo da vista, que nada mais é do que o agrado, o prazer imediato sobre o objeto, depois ergue-se na estética do juízo, onde temos o “direito” de dizer se um objeto nos agrada ou não, e volta a superioridade do juízo racional, que é o juízo encontrado nos homens. Dois de seus jaezes para o belo são colhidos do pensamento aristotélico e a terceira permanece em seus padrões. A primeira consiste na integridade ou perfeição, o belo causa prazer. É necessário que o ente belo seja bom e, principalmente, bom de conhecer-se. Portanto, o belo tende à perfeição da coisa conhecida; ele é a natureza perfeita da coisa conhecida, ou seja, todas as características que pertencem ao objeto devem estar no objeto. A segunda, a justa proporção ou harmonia, o belo abrange a relação entre as diversas partes que o constituem. De Munnynck, apoiando-se principalmente na Suma Teologica, sugere que a devida proporção é dupla: objetiva e subjetiva. De acordo com a primeira, pela visão tende-se a conhecer a essência de uma coisa ou o que ela é, e ela é o que é por meio de sua forma; tendemos, portanto, a conhecer as formas das coisas; porém, toda desproporção manifesta uma vitória da matéria sobre a forma; o ente desproporcionado não é bom e o conhecimento dele não causa prazer. De acordo com a segunda, a coisa conhecida deve ser proporcional ao observador, o que explica a relação essencial com aquele que apreende a noção do belo (1923). E, por último, a claridade, “o belo é antes de tudo cognoscível. A cognoscibildade é absolutamente necessária ao belo; ela não é senão a clareza, supõe que a coisa seja, não apenas conhecida, mas conhecida facilmente, sem esforço, pelo exercício normal e livre das potências ou faculdades da alma”. (Ivanov, 2006)
Concluímos que para Santo Agostinho a beleza é associada à idéia da revelação e à perfeição de um Deus-Criador ou de uma ordem cósmica preestabelecida. E para São Thomas de Aquino todas as formas são boas e perfeitas, mas, nem tudo que é formal é belo, para isso, a graça divina o serve de complemento.

Agradeço à Thaisa Futenma, pela parceria neste artigo, uma amiga legal.


Bibliografia

IVANOV, Andrey. A noção do belo em Tomás de Aquino / Andrey Ivanov. - Campinas, SP : [s. n.], 2006.

De MUNNYNCK, M. L’esthétique de St. Thomas. In: S. Tommaso d’Aquino, Milano, Vita e Pensiero, 1923.

ECO, Umberto. Arte e beleza na estética medieval, Editorial Presença, 2000.